Este provérbio
sugere muita coisa e remete para outras tantas. No entanto, se calhar a mais
óbvia será a temática da violência doméstica. Tem sido utilizado na campanha
contra a Violência Doméstica mas com a frase “Entre marido e mulher deve
meter-se a colher” porque com a entrada da nova lei contra esta
problemática, este problema passou a ser considerado um crime público e não um
assunto meramente doméstico.
A entrada em vigor
do novo Decreto de Lei que regula a protecção das vítimas de violência
doméstica fez com que se “metesse a colher” e muito mais. Todas as pessoas têm
o dever de denunciar quando presenciarem ou tiverem conhecimento destas
situações. É bastante habitual ouvir-se que num casamento ninguém deve opinar ou
meter-se entre os assuntos do casal.
Até bem
recentemente, ninguém tinha o direito de se intrometer nos assuntos privados de
uma família. Isto fez com que durante muitos anos ocorressem situação de
violência entre o casal e todas as pessoas fechavam os olhos, viravam a cara,
etc. Antigamente, utilizava-se muito esta expressão quando existiam conflitos
verbais ou não entre os dois elementos do casal. Remetia para que eles próprios
resolvessem os seus problemas sem a ajuda de ninguém.
Esta nova lei
proporciona às vítimas desta barbárie um conjunto de direitos que as ajuda a
reerguer-se económica, social e emocionalmente. Apesar de na prática
continuarem a existir muitos entraves, pelo menos, há agora uma resposta
jurídica para estas vítimas saírem do pesadelo em que vivem e viveram.
Por isso, ainda
bem que se mete a colher entre briga de marido e mulher para que se ponha um
ponto final neste problema tão presente na nossa sociedade.
Quando um casal
inicia uma vida em comum, é normal que haja interferência de ambas as famílias
de origem. Cabe, no entanto, ao casal que estas interferências sejam ou não
benéficas para o mesmo e para as suas decisões de vida. Além disso, os modelos
de infância que cada elemento do casal aprende tendem a ser repetidos de
geração em geração e, muitas vezes originam conflitos mais ou menos graves nas
relações familiares. Dispensam-se as pessoas que têm como única intenção
bisbilhotar e dar palpites sobre a vida dos outros e isto inclui pais, sogros,
irmãos e amigos que desejam unicamente criticar, julgar e acusar. No entanto se
o objectivo destes é unir, sugerir alternativas, novos caminhos e opções (que
por vezes estão mesmo à frente do casal e este não vê, seja lá porque razão
for) aceitam-se de bom grado.
Com o passar do
tempo, se os conflitos não se resolvem, estes tendem a ser cada vez maiores e a
relação de casal entra numa espiral tão negativa que nenhum dos elementos
consegue comunicar, as ofensas e as acusações aumentam e, a tolerância acaba.
Quando o casal
procura ajuda de um terapeuta é porque considera que a sua relação ainda tem
alguma hipótese, como se fosse como uma última oportunidade antes de se
decidirem pelo divórcio.
Meter a colher de
forma terapêutica, ajuda o casal a pensar e a reformular a sua vida, os seus
sentimentos, as suas decisões e os seus conflitos, de forma a encontrar as
soluções mais adequadas a si mesmo. O casal aprende a conhecer-se melhor, enquanto casal e
a vida melhora em todas as esferas.
As coisas não são
tão preto e branco ou sim e não como algumas pessoas pensam, também existe o
cinzento ou os “nins”, por mais que alguns não gostem desta cor ou situação. É
muito importante existirem várias formas de olhar, várias perspectivas sobre
uma mesma situação.
Tal como refere
Salvador Minuchin “Todos os casamentos têm erros. Alguns casais têm mais
sucesso do que outros a repará-los.”